terça-feira, 2 de outubro de 2012

Evangélico indenizado em 50 mil por causa de pornôs fala sobre o caso


Elio Cavalcanti*, 34 anos, casado há 12 anos, evangélico há 22, passou por uma situação inacreditável na empresa onde trabalhava. Chegou a ser amarrado e foi obrigado a assistir filmes pornôs. Em uma ocasião uma "stripper" foi levada à sua sala. 
Segundo ele,  os vendedores da empresa do ramo de bebidas tinham que ir à festas em chácaras com prostitutas. Além disso, os funcionários que batiam as cotas recebiam um "vale-garota de programa". 
Depois do caso ter sido publicado na Revista Veja, O Farol procurou a vítima para entender como foi que realmente isso aconteceu.

Ketlyn - O que aconteceu com você é chamado de Assédio Moral. Quando foi que isso começou a acontecer? 
EC - Foi o motivo pelo qual entrei com o processo, os magistrados entenderam que se tratava sim de Assédio Moral. Começou em 2003.

Ketlyn - Qual foi a sua primeira postura diante do assédio? 
EC - Perguntei aos gestores se era isso mesmo que a equipe precisava para bater as metas. Disseram que quem mandava eram eles e que sabiam o que estavam fazendo. 

Ketlyn - Qual era a explicação que a empresa dava para colocar filmes pornôs e levar stripper para as reuniões? 
EC - Motivar os vendedores.

Ketlyn- Como contou para sua esposa?
EC - A empresa me ofereceu R$12.000,00 no começo (2007) para fechar acordo. Ela perguntou por que eu não aceitava e acabava de vez com isso. Falei que não aceitaria e um dia ela saberia o motivo pelo qual iria até o fim. Em 2010, quando o juiz deu a sentença, sentei com ela na frente do computador e lemos juntos, foi quando ela soube de tudo, e dei detalhes sobre o que aconteceu. Na época, ela tinha sofrido dois abortos, estava grávida pela terceira vez e tinham roubado nosso carro. Estávamos sem "chão". O jeito foi segurar e contar depois.   

Ketlyn - Como era participar de reuniões deste tipo?
EC - Me sentia um lixo. Como podia uma empresa séria se sujeitar a isso para tentar bater suas metas?! Mas não tinha como sair da sala, pois o gerente trancava a porta, ninguém saía nem entrava.

Ketlyn - Quando foi que decidiu colocar a empresa na justiça? 
EC - Uma semana depois que saí da empresa.

Ketlyn - Foi difícil ganhar a causa?
EC - Não. Tinha provas suficiente.

Ketlyn - Não teve medo de ficar sem emprego?
EC -Jamais. Nunca baixei a cabeça diante das dificuldades. O que estava em jogo era minha moral.

Ketlyn - Você ganhou 50 mil de indenização. O que vai fazer com o dinheiro?
EC - Ainda não sei. O processo continua, não tem data para acabar.

* O nome da vítima foi trocado por questões de privacidade.